quinta-feira, 8 de julho de 2010

Flávio Minno

     Poema para os senhores Neves e Marçal




De manhã tomo meus remédios com um cappuccino

e começo refém do roteiro tragicômico do dia,

com seus obstáculos reais e muitos ainda imaginários.

E se assim começa o dia, como não preferir a noite?



Os senhores poderão atribuir à preguiça

o fato de eu não conseguir encarar o Ulisses,

mas é que neste plano é-me mais prazeroso

o onírico, o notívago fardo Finnegans Wake.



Em Ulisses, para mim, os labirintos sombrios,

o espanto, como meu espanto matinal cotidiano,

eu sei que Ilegível e absurdo é mesmo meu dia.



Porém há no outro um espelho menos denso,

talvez como este poema, demais extenso,

que, desnecessário, fala tanto para dizer tão pouco.

Um comentário:

  1. Gostei do poema; sarcasmo com a odisséia cotidiana que transmuta experiencias estéticas em absurdos arrogantes. É preciso malograr a rotina senão mais que espelho, ela vira nosso reflexo. Falou Minno? Valeu. Léo

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