sábado, 10 de julho de 2010

Gustavo Pedrosa

         Mulher


Por que não me dizes logo não?

Como uma mãe a um filho mal criado



Ou me põe em teu colo

E faz cafuné para que durma?



Assim me pouparias desta espera angustiante

Deste silêncio inquietante

Dessas rimas sufocantes.



Mande-me rezar o Pai Nosso

Dê-me um beijo na testa

E com um riso doce

Chame-me de filho

E renegue-me.



Renegue-me com todo despudor possível

Arranque o véu do rosto

E renegue-me antes de calar.



Chame-me de tolo

Erga a mão à meia altura

E balance-a



Mostre aquele semblante triste

Característico das despedidas

E enlace-se com outro



E chame-o de tolo

Dias depois...


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