sexta-feira, 16 de julho de 2010

Jairo Lima

              Grande hotel




Pequeno, limpo, acanhado,

Empurra, com relutância, o vento de suas esquinas

E ali se posta, calado

Não reparei se consegue espiar o mar;

Acho que não;

Não o vi, saudoso, como quem avista navios

Nem assombrado como quem se ofusca

No espelho branco do chão

Antes o vejo como menino ingênuo e pacato

Ou como velho e doce professor aposentado

A pastorar a decadência sem fim das horas de torpor

Que escorrem pelos becos escaldantes

Triturando os ossos da tarde e bebendo o seu suor.

Os seus corredores, no entanto, espantam

De tão jovens e caiados

Ali não se ouvem vozes,

Não ressoam passos e nem se lembra a dor

Das cortinas queimadas na explosão

Diária do sol

Vai chamar Humphrey Bogart, menino,

Aquele ali, de costas, em frente à porta

Do elevador.

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