sábado, 31 de julho de 2010

Fernando Figuerôa

                         Oficina literária aos desavisados poéticos




Da literatura já se falou tudo

De mim ninguém falou absolutamente persona grata

Apesar de poeta, cantor lírico e halterofilista

Na casa das polaicas imortais urinei nas letras e nos prêmios

Em latrinas de prata, riscando assim meu nome na espera das ressurreições editoriais.



No zimbório pós-moderno vivo em banho Maria na panela ardente da (de) pressão

Não tenho ao lado um amigo Antônio no piano de cauda de pavão

Nem Carlos o gauche na vila de ferro com seus bois da memória

Antologias em tempos de secas e jias pós-graduação do sertão

Na porteira tenho um amigo com uma sede de leopardo

Lascívia vida leonardiana num percurso absurdo

Com J.C. Marçal

O que se extrai do mar literário além do sal dos rascunhos

E dos frêmitos das vacas sagradas das palavras cruzadas

Apanhadas nos secretos gestos onomásticos das amadas.



Tardes e noites poéticas

Escrever poesias em conchas acústicas

Quem as lerá?

Os desavisados vanguardistas de passagem por Passargada

Na reengenharia da vagabundagem – os versos atilhados na fealdade

Em enálages de ruas onde estão proibidos de estacionar.



.

Um comentário:

  1. Lembro de Fernandinho me apresentando este poema num daqueles barzinhos embaixo do seu apartamento. Declamando e gargalhando como sempre. Sabia que tinha acertado. Um brinde, meu velho. Léo.

    ResponderExcluir