sexta-feira, 11 de junho de 2010

Jairo Lima

          Eis, em tua alma



eis, em tua alma, a resina dos cedros

daqueles que se abeiram dos rios

e bebem, na esponja da terra, as suas águas vivas



eis o teu legado:

o teu sozinho

e este medo arrumado com cuidado nos vãos dos teus pulmões

e nas caves soterradas dos teus vinhos



eis, no rumorejar do teu sangue,

um silêncio que desliza vazio;

no espelho deste silêncio uma nave extremada a procura de ventos



eis o teu nome posto entre duas madrugadas

hóstia vermelha consagrada

aos mortíferos venenos



que em tu alma

crescem e se espedaçam

entre zunidos



de lentos sóis de prata

quentes, vivos e macios

introduzindo suas vozes em brasa na névoa do teu estio

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