Requiem tardio para Fernandinho
não sei de onde te observam hoje
todos aqueles que como eu
faltaram em te ver antes do não
que és agora, e talvez ainda antes desse não
quando eras, mínimo, mas tu,
e não fomos te visitar, imprevidentes
ainda que me pergunte de que valeria tal visita
ainda que me impute uma certa
e falsa intransigência com minha falta
ou que me empenhe no lirismo egocêntrico
de te festejar em brindes
como uma forma de ajustar em mim a tua morte
ou antes a minha ausência
e ainda antes disso, o “não fui te ver’
com que me dei conta,
eu que não fui teu amigo no fim,
ainda assim,
acho que posso escrever este poema
ah, imprudente versejador dos bares,
eis o que te dou por lápide de uma amizade
eu que te assustei com minhas bravatas
que repudiei teus rotos versos
– e eles eram mesmo muito ruins –
agora lamento
o não ter ido, o não ter visto
o não ter estado, o não ter sido
requiem aeternam dona eis
a mim e a ti
domingo, 6 de junho de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário