domingo, 6 de junho de 2010

Pietro Wagner

          Requiem tardio para Fernandinho




não sei de onde te observam hoje

todos aqueles que como eu

faltaram em te ver antes do não

que és agora, e talvez ainda antes desse não

quando eras, mínimo, mas tu,

e não fomos te visitar, imprevidentes



ainda que me pergunte de que valeria tal visita

ainda que me impute uma certa

e falsa intransigência com minha falta

ou que me empenhe no lirismo egocêntrico

de te festejar em brindes

como uma forma de ajustar em mim a tua morte

ou antes a minha ausência

e ainda antes disso, o “não fui te ver’

com que me dei conta,

eu que não fui teu amigo no fim,

ainda assim,

acho que posso escrever este poema



ah, imprudente versejador dos bares,

eis o que te dou por lápide de uma amizade

eu que te assustei com minhas bravatas

que repudiei teus rotos versos

– e eles eram mesmo muito ruins –

agora lamento



o não ter ido, o não ter visto

o não ter estado, o não ter sido



requiem aeternam dona eis



a mim e a ti

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