Rimbaud
era uma mulher sem nexo
mas com filhos
de olhos duros vidros
aspeados
por sobrancelhas de pó enegrecido
era um sol deslembrado de sombras
e de mundos amanhecidos
e eu dizia aos seus olhos pequenos e incompassivos
que rimbaud já foi rimbaud
e eu não precisava de pedras nem de vidraças
para escrever um livro
nem de tetas negras ou deserto infame
nem de calvários para purgar meu sangue
ali, naquela hora afastada
eu ouvia sorrindo o seu gemido
e lhe negava o verso que implorava
e, como o dia apaga da noite os vestígios,
eu esmagava, um a um, os acordes que conduziam a lembrança de suas dores
para o olvido
.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
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