terça-feira, 18 de maio de 2010

as águas psíquicas por Delmo Montenegro

não há nada de concreto aqui

nos espirais da fala

nada de cataclismos inoperantes

nada nesta massa dodecafônica

nesta casa de vespas

apenas uma combustão de signos sagitários

um vinho de abstração e letargia

entre sóis de espátulas e músculos decompostos

entre os sóis de algoritmos

eis a nova casa dissonante

o séqüito das chuvas polissêmicas sobre o corpo

as musculaturas dementes

a taquicardia nas camisas de esperança

nos mares adultos contidos nesta prisão



não há nada de concreto aqui

nas paredes angulosas desta representação

nada de cataclismos inoperantes

apenas a expiação dócil dos nervos

apenas este mel dos clavicórdios

esta fala de arritmias



esta flor fabricada

esta flor de maceração líquida

porém há algo

contudo há algo de inóspito nos frutos sonoros

na carne da tua derrisão

há algo na engenharia das peles fibráceas

os pequenos escândalos

as orquestras do azimute

as plurificações dos equinócios

as assinaturas volantes


as vespas incontidas na descarnação dos discursos




há algo na engenharia dos angiospermos



não há nada de concreto aqui

assim ensina a toxicologia das falas

assim ensina a educação inoperante dos cataclismos

os verbos dos heliantos

não há nada nesta massa sonante de sortilégios

a não ser a tauromaquia da servidão

a tauromaquia dos labirintos



o sol febril das cadências



a marcha ossiânica

o branco agônico da decantação lírica

o teatro das vespas



não há nada de concreto aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário