(manhã
e tudo e a terra, nas horas nas pedras,
manhã
na mão o pouco de sol que o dia traz
manhã
e fora da casa um vento que leva
manhã
aos olhos que todos os dias saem)
levavas pela manhã, inteira braços,
o pássaro de plumas de mormaço
que teus olhos viam nos dias calmos
voando acima das nuvens de outubro
e com ele numa alegria branca
que em torno de ti respirava
folhas, tantas folhas, dançavam
que as casas encheram-se de olhos
e as portas deram caminho aos passos
e os passos foram a manhã da estrada
que sem cuidados recebia a sombra
das folhas, no dia em que todo o vento
soprava-te dálias pelo tempo
e em tudo havia um certo rumor ou euforia
como se as mãos, esquecidas dos templos,
levadas ao ar, que as aquecia,
espelhassem a lâmina de luz macia
que o sol fazia chegar à estrada
e a estrada ao dia
para que todas as casas e as vigas
olhassem, olhassem
a dança das folhas e do vento
para que todos os olhos
dançassem, dançassem
nas voltas e voltas que o vento fazia
e em torno de ti, numa alegria,
o branco e o dia saíam
a dizer pelo mundo
que uma parte terrestre do sol
fez aquela manhã com um fio do mármore estelar
que as alegrias levam quando amanhecem
a dizer pelo mundo
que tu, parte de sol, parte de vento,
sorriste ao dia
e ele devolveu-te um aceno
terça-feira, 18 de maio de 2010
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