terça-feira, 18 de maio de 2010

dia de todos os dias por Pietro Wagner

(manhã

e tudo e a terra, nas horas nas pedras,

manhã

na mão o pouco de sol que o dia traz

manhã

e fora da casa um vento que leva

manhã

aos olhos que todos os dias saem)



levavas pela manhã, inteira braços,

o pássaro de plumas de mormaço

que teus olhos viam nos dias calmos

voando acima das nuvens de outubro



e com ele numa alegria branca

que em torno de ti respirava

folhas, tantas folhas, dançavam

que as casas encheram-se de olhos



e as portas deram caminho aos passos

e os passos foram a manhã da estrada

que sem cuidados recebia a sombra

das folhas, no dia em que todo o vento

soprava-te dálias pelo tempo



e em tudo havia um certo rumor ou euforia

como se as mãos, esquecidas dos templos,

levadas ao ar, que as aquecia,

espelhassem a lâmina de luz macia

que o sol fazia chegar à estrada

e a estrada ao dia

para que todas as casas e as vigas

olhassem, olhassem

a dança das folhas e do vento

para que todos os olhos

dançassem, dançassem

nas voltas e voltas que o vento fazia

e em torno de ti, numa alegria,

o branco e o dia saíam

a dizer pelo mundo

que uma parte terrestre do sol

fez aquela manhã com um fio do mármore estelar

que as alegrias levam quando amanhecem

a dizer pelo mundo

que tu, parte de sol, parte de vento,

sorriste ao dia

e ele devolveu-te um aceno

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